O macho brasileiro, sempre tão confiante e viril, está em crise. Dados da pesquisa Mosaico Brasil, divulgados em novembro, mostram um homem cada vez mais preocupado em agradar a mulher e com medo do fracasso. Dos 4.206 entrevistados, consultados em dez capitais, 60,9% disseram se preocupar com o desempenho sexual e 63,5% admitiram que uma vida sexual saudável depende da capacidade de não falhar. E mais: 65,3% têm medo de decepcionar a parceira na cama e - o maior terror dos homens - 48,7% assumiram que nem sempre conseguem manter a ereção.
O que, afinal, aconteceu com eles? Para a psicoterapeuta e sexóloga da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Mara Pusch, os homens estão vivendo uma fase de adaptação: depois de conquistar espaço no mercado de trabalho, as mulheres agora estão com salários similares aos dos homens, disputam em iguais condições as vagas e se equipararam também na postura afetiva e sexual. "Nunca homem e mulher foram tão iguais", diz ela.
Diante dessa nova postura feminina, rapazes maduros, na faixa dos 30 anos, se intimidaram. "A mulher tomou a iniciativa e assustou o homem", completa. Acuados, muitos gostariam de voltar à confortável e conhecida situação em que faziam o que queriam com as mulheres, eram brutos, egoístas, pensavam só neles, impunham suas idéias e suas vontades.
O empresário Felipe, de 39 anos, foi casado e garante ter "conhecido" várias mulheres. Mesmo experiente, confessa: quando se depara com uma mulher decidida, que sabe o que quer, treme na base. "O homem sincero admite que fica intimidado." O sentimento de intimidação diante das fêmeas autônomas acaba levando a muitos problemas sexuais. "Depois da falhar, a confiança cai ainda mais, piorando o quadro", afirma a sexóloga da Unifesp.
O psicoterapeuta Oswaldo Rodrigues Junior, do Instituto Paulista de Sexualidade, diz que a mudança de comportamento de ambos os sexos deu características masculinas à mulher e femininas aos homens. Eles foram estimulados a demonstrar as emoções, o que os deixou mais sensíveis. Isso gerou cobranças nas mulheres e insegurança entre os homens. "Antes era chegar lá, fazer do jeito que quisesse e dizer a ela: "se não gostou, vai embora"", diz o psicoterapeuta. "Agora, ao ser cobrado, ele pode ficar ansioso e, se não souber administrar, vai ter mau desempenho."
Segundo o psicanalista Luiz Cuschnir, uma mulher bem-sucedida não é fator de pressão - desde que ela não adote uma postura de saber mais do que o cara na cama. "Se a mulher demonstra conhecer mais da intimidade física que ele, ele perde a função de professor, que seria dele." Felipe confirma a tese. Ele diz que as mulheres exigem "super poderes" que o homem não tem. "Temos de ser criativos, fazer isso e aquilo. Sentimos que temos obrigações na cama, que é fazê-la atingir vários orgasmos." (Agência Estado)
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