O governo boliviano anunciou sábado (20) o fim do analfabetismo no país andino. Junto com Venezuela e Cuba, planejam se concentrar no Paraguai e Nicarágua para alcançar a mesma meta.
O objetivo de colaborar com esses países foi divulgado pelo ministro venezuelano de Educação, Héctor Navarrona, em Cochabamba, na Bolívia, como medida relacionada a Alba (Alternativa Bolivariana das Américas).
"Missão cumprida diante do povo boliviano e do mundo inteiro", exclamou o presidente da Bolívia, Evo Morales, ao lembrar que "erradicar o analfabetismo" sempre foi um de seus objetivos desde que era candidato.
Em Cochabamba, em uma festa da qual também participou o presidente do Paraguai, Fernando Lugo, cerca de 5.000 pessoas, muitos deles cubanos e venezuelanos, se concentraram em um complexo poliesportivo para celebrar o fim oficial do analfabetismo no país.
O líder paraguaio destacou que a Bolívia é o terceiro país da América Latina, após Cuba e Venezuela, a alcançar um dos Objetivos do Milênio das Nações Unidas.
"Quando cada paraguaio, cada boliviano, cada argentino e cada brasileiro puder escrever com próprio punho a história de seu futuro ninguém mais poderá roubar deles a esperança", disse o governante paraguaio.
Lugo também disse receber "com muita alegria" a proposta de Morales de estender o projeto ao Paraguai, o que qualificou de "desejo generoso" do líder boliviano.
A Bolívia, usando o método audiovisual cubano "Eu posso" e contando com apoio financeiro da Venezuela alfabetizou em 33 meses quase 820 mil pessoas, quase 10% da população.
O programa de alfabetização, que Morales transformou em um assunto de Estado, recebeu a doação de 3.000 televisores e videocassetes de Cuba, além de 8.000 painéis geradores de energia para que se pudesse chegar à área rural.
Perfil dos alfabetizados
Cerca de 70% dos alfabetizados pelos quase 50 mil facilitadores foram mulheres, majoritariamente indígenas da área rural, o que para o ministro boliviano de Educação, Roberto Aguilar, demonstra a exclusão à qual estiveram condenadas.
Participaram do programa praticamente a totalidade dos iletrados do país nos mais de 50 mil pontos de alfabetização que foram instalados por todo o país e que resultaram em um índice de alfabetização de 96% da população.
O "Eu posso", segundo explicou o embaixador cubano na Bolívia, Rafael Dausá, se caracteriza também por ser uma versão adaptada à realidade e necessidades do país.
Segundo números oficiais, em idioma quíchua foram alfabetizadas 13,6 mil pessoas e em aimará quase 25 mil.
Entre as lembranças mais comentadas, está o fato de que inclusive crianças se tornaram alfabetizadores como foi o caso de Tupiza, povoado do departamento (Estado) de Potosí, na região sul, onde houve um alfabetizador de 8 anos e uma de 12, segundo o ministro Aguilar.
Apesar de ser um dos países mais pobres do continente junto com Guiana e Haiti, após a campanha que custou US$ 36 milhões, a Bolívia atingiu um marco histórico na frente de potências econômicas da região como Brasil, Argentina e México.
Na celebração, também estiveram o diretor da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação e a Ciência) para a região andina, Edouard Matoco,e o ex-chanceler argentino Dante Caputo, representando a OEA (Organização dos Estados Americanos).
Além disso, para a ocasião chegaram o vice-presidente do Conselho de Ministros de Cuba, José Ramón Fernández, a titular de Educação desse país, Ena Elsa Velásquez, e seu colega venezuelano Navarro.
O ministro venezuelano reivindicou a integração regional mediante a Alba. "Cubanos, bolivianos e venezuelanos vão à Nicarágua e ao Paraguai também para travar a batalha pela libertação", disse. (Folha Online)
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