Uma pesquisa encomendada pela indústria do amianto irritou o Ministério do Trabalho e causou indignação em vítimas do produto cancerígeno. Trata-se de estudo desenvolvido por pneumologistas da USP e da Unicamp e financiado pelo Instituto Brasileiro de Crisotila, ligado a produtores do setor. Além do instituto houve, também, financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, o CNPq. O governo do Estado de Goiás, região que concentra a maior mina de asbesto do mundo, também colocou recursos nessa iniciativa.
Uma auditora fiscal do Ministério do Trabalho assinalou que os pesquisadores omitiram que a indústria deu dinheiro para a realização da pesquisa. Fernanda Giannasi acentuou que o conflito de interesses torna questionável a ética do estudo. Segundo ela, a USP e a Unicamp investigam as denúncias de conflitos de interesses na pesquisa sobre o amianto. Já o médico do Trabalho Vilton Raile que trabalha com vítimas do produto, lembrou que inúmeras pesquisas já condenaram a utilização desse silicato.
O presidente da Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto também está indignado com a pesquisa. Eliezer de Sousa falou com a autoridade de quem já precisou retirar nódulos de amianto da pleura. A Organização Mundial da Saúde e o Instituto Nacional de Câncer classificam o amianto na lista dos produtos cancerígenos. Até agora, 48 países aboliram o uso da fibra cancerígena, que também está proibida em todo o Estado de São Paulo. (JPO)
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