O diário de um casal de britânicos encontrado morto dentro de um iate roubado indicou que eles morreram de fome após ficar à deriva no mar.
O casal proveniente da Cornualha, no oeste da Inglaterra, roubou o iate em Portugal em 2005 com a intenção de sair velejando pelo mundo.
Um parente disse que ambos viviam num "mundo da fantasia" rodeado de champanhe e drogas.
Um ano depois do roubo, seus corpos em decomposição foram encontrados por pescadores na costa do Senegal. Os investigadores disseram que não havia provisão de água nem comida na embarcação, que pode ter ficado à deriva por "vários meses".
Drama - O incidente foi investigado por especialistas em medicina legal em Truro, na Cornualha. A falta de elementos conclusivos fez com que o caso fosse encerrado com um "veredicto aberto".
As evidências mais incisivas do que ocorreu no barco foram deixadas em um diário escrito pela mulher, Sharon Arthurs-Chegini, 46.
Ela contou como ela e seu parceiro Peter Clarke, 49, ficaram à deriva no iate após uma tempestade romper a vela da embarcação. A leitura indica que eles ficaram sem água fresca e passaram quatro semanas sem comida.
"Faz dias que fomos lançados à deriva. Peter está abatido na cama. Não consigo fazê-lo se mexer", escreveu.
"Estou cansada e a luz está se acabando. Meu amor está indo para minhas filhas e minha família mais próxima."
Os especialistas disseram que o grau de decomposição dos corpos impediu de precisar a causa da morte do casal. Mas não há evidências de ferimentos, o que contradiz a suspeita inicial de que o iate tenha sido atacado por piratas.
"Mundo da fantasia" - Os dois estavam sendo procurados pela polícia desde 2005. O detetive John Cap, da polícia da Cornualha, disse que eles chegaram a ser presos pouco depois do roubo, mas conseguiram escapar.
A mãe de Peter Clarke, Sylvia, disse à polícia que seu filho vivia uma vida "de excessos".
Clarke tinha cumprido sentença por fraude, estava envolvido em crimes menores e contava vários relacionamentos fracassados, contou.
"Ele parecia estar à procura de algo que nunca encontrou", afirmou a mãe.
A filha de Clarke, Jade Dunbar, disse descreveu Sharon Arthurs-Chegini como uma mulher de gostos excêntricos que viva num "mundo da fantasia", recebendo ajudas sociais do governo e sustentada pelos homens com quem vivia.
Antes de encontrar Peter Clarke, Arthurs-Chegini teve três filhas de dois pais diferentes mas perdeu a custódia das crianças. BBC