Qual das duas pessoas você acha que tem mais saúde? A gordinha Mherielen Silva Dias, de 25 anos, ou o esbelto Fábio de Moraes, de 35? Na cintura de Mherielen, as dobras de gordura sugerem que ela seja uma pessoa pouco disposta, que tem as artérias cheias de colesterol e mil razões para frequentar consultórios médicos. Fábio parece ser um rapaz ativo, que seleciona muito bem o que põe no prato e consegue ser aprovado em qualquer check-up de saúde. Essa leitura superficial, baseada apenas na aparência física, é a mesma que leva algumas empresas a preterir candidatos obesos por achar que eles necessariamente têm baixa autoestima, provocam mais despesas médicas e faltam muito ao trabalho. É uma generalização preconceituosa.
Se você apostou que Fábio é o mais saudável, errou. Sim, acredite. Mherielen, com seus 100 quilos, pode ser considerada uma obesa com perfil metabólico de pessoa magra. Não tem hipertensão, diabetes nem colesterol alto – desequilíbrios frequentemente provocados pelo excesso de gordura, que podem ter consequências trágicas como infarto, derrame cerebral e morte. “Não sei como meus exames são todos normais se eu tenho esse peso todo”, diz.
A história de Mherielen é ainda mais surpreendente quando se analisa sua pouca disposição para a atividade física. “Caminho de vez em nunca.” Isso significa uma caminhadinha suave de uma hora a cada 15 dias. Sua alimentação, no entanto, não é das piores. Arroz, feijão, salada e carnes na maioria das refeições. Mas não resiste aos chocolates. É capaz de devorar quatro barrinhas de uma só vez.
O que explica a saúde da moça? “Uma pessoa pode ser muito gorda, mas ter genes que não favorecem a elevação dos níveis de colesterol e triglicérides (outro tipo de gordura que também ameaça a saúde cardiovascular)”, diz Raul Dias dos Santos Filho, do Instituto do Coração, em São Paulo.“Um magro pode ter os genes que fazem esses níveis aumentar muito. Em obesidade, as coisas não são tão simples como as pessoas imaginam”. ÉPOCA
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