Não é preciso ser Monica Lewinsky para fazer sexo virar escândalo em Washington. Isso é o que prova a ousada Jessica Cutler, autora do livro Sexo no Capitólio e ex-assistente de correspondência do ex-senador republicano americano Michael DeWine (de Ohio). Em 2004 ela causou um grande estardalhaço com um blog no qual contava detalhes embaraçosos de suas aventuras sexuais com lobistas, políticos e advogados no Senado americano. Sua lista de affairs inclui até mesmo um indicado direto do presidente Bush.
Normalmente “nem a garota mais bonita da sala”, como diz ela mesma em seu livro, Jessica não tem nenhum atrativo estonteante. Isso, porém, não foi obstáculo para que ela conseguisse homens o bastante para pagar por seu aluguel, roupas caras, drogas e festas, enquanto empurrava com a barriga um trabalho que detestava (e que em sua opinião pagava mal). Estas são as aventuras narradas em seu livro, sem nenhum medo de cair na vulgaridade e com uma crítica feroz aos funcionários do governo dos Estados Unidos.
Hoje casada e “muito grávida e gorda para trair” o marido, em suas palavras, Jessica conta a que acredita que a traição faz parte do relacionamento, que a ilegalidade da prostituição a beneficiou e sobre como vai explicar toda sua história a seus filhos.
Por que você decidiu escrever um livro sobre sua demissão do Senado?
Jessica – Quando eu fui demitida não conseguia arrumar um emprego nem na loja de roupas de DC, então quando alguém veio e disse 'eu acho que você pode vender um livro', eu disse sim, mesmo que eu nunca tivesse escrito um livro antes.Por que você acha que o povo americano reage tão mal a casos como o seu?
Jessica – Na verdade as pessoas traem e eles querem fingir que essa não é a realidade. Agora eu sou casada. Eu saí com muitos caras casados e tudo que eu sabia era que eu não queria esses caras para mim, não estava tentando acabar com o casamento de ninguém. Sabe, o problema não é trair, mas como você vai lidar com isso. Se seu marido nunca está em casa, negligencia você, te trata mal, essas são razões para pedir o divórcio, não porque ele transou com alguém. Ninguém espera que isso vá acontecer quando eles se casam, mas o fato é que a vida é muito longa e há muitas pessoas no mundo. Eu tenho certeza que vou conhecer alguém que acho muito atraente um dia também. E o que eu vou fazer, pedir o divórcio? Você não pode ficar muito surpreso se a traição acontece. A questão é como você vai lidar com isso, eu espero que nós tenhamos o tipo de casamento no qual ainda queiramos estar. Mas eu casei há pouco tempo, é um pouco cedo pra começar a pensar nisso! (risos) E também estou grávida. Muito grávida e gorda para trair ele! (risos)
Você não sente falta da vida de garota louca em Nova York?
Jessica – Ano passado estava em apuros legais por causa da minha profissão de escort (acompanhantes, que são na maioria das vezes prostitutas de luxo). Ser uma escort é legal, mas a maioria das coisas que você faz como uma escort não são. Depois de quase ir à cadeia, você vê que é hora de se acalmar. Você quer ter uma vida normal. Meu marido sabe disso também. Agora eu me sinto muito confiante sobre minha decisão. De alguma forma estou feliz de ter feito o que fiz no passado, então sei que não deixei de viver nada que deveria.
Você critica muito as pessoas que trabalham no Senado em seu livro. Você acha que tem profissionais sérios trabalhando lá?
Jessica – Tenho certeza que existem pessoas que trabalham duro, eu só não tive contato com eles. Talvez algum dos caras com quem saia era assim, mas esse não é o lado deles que eu vi. Eu pensava “tem muitas pessoas aqui e nós não estamos fazendo muito, e isso não é culpa de ninguém de verdade, mas é bem difícil ir ao trabalho depois de um tempo se você sabe que está apenas desperdiçando o dinheiro do povo”. Por exemplo, eu trabalhei para um senador para o qual eu jamais votaria. Eles me contrataram porque eu era uma garota e nunca me perguntaram sobre o que eu acreditava. E as pessoas do meu nível tinham aquele salário horrível (US$ 25 mil dólares por ano), como elas conseguiam viver disso? Eu adoraria ter pais que poderiam pagar as minhas contas, mas eu não tinha. Obviamente este era o lugar para um tipo de gente e eu, obviamente, não tinha nada o que fazer ali.
Você vai ser mãe logo mais, como vai explicar ao seu bebê tudo o que aconteceu?
Jessica – Não quero que ele descubra de alguém na escola. Contarei nos meus próprios termos “antes de sua mãe conhecer o papai, ela escreveu um livro, fez todas essas coisas”, como se não fosse um grande problema. Ele terá uma opinião sobre isso e eu apenas direi “vamos ver quando você tiver vinte e poucos, você fará todas as coisas que eu fiz”... tomara que não todas elas (risos). Se eu fosse uma pessoa que agredisse crianças, eles poderiam me odiar por isso, mas não pelo que fiz.
No seu livro você conta que alguns caras com quem dormia pagavam suas contas. Você não acha que isso é o mesmo que prostituição?
Jessica – Não é, porque eu fiz os dois e sei que é diferente. (risos) Na prostituição você faz sexo com pessoas que não conhece, eles são muito claros que não estão interessados em mim para um relacionamento. Eles estão dispostos a gastar muito dinheiro com você, mas não querem andar de mãos dadas com você. Se você é uma escort você tem que enfrentar uma situação que foi feita por você e tentar tirar o melhor disso, de preferência dinheiro (risos). Quando eu saia com aqueles caras que pagavam minhas contas, a gente realmente gostava um do outro.
O que você acha da prostituição?
Jessica – A razão pela qual eu prefiro que seja ilegal é porque posso cobrar mais dinheiro. Eu não ligo se é legal ou ilegal. Existe obviamente uma necessidade disso, porque senão as pessoas não buscariam tanto. As drogas são grande parte disso, você pode manter um cara de pé por horas e isso é o jeito de fazer dinheiro neste negócio. É um risco muito grande. É legal, divertido, mas você tem que se preparar para lidar com as conseqüências disso. Algo sempre acontece.
Existe uma brasileira chamada Bruna Surfistinha que se prostituía mesmo sem precisar de dinheiro e que, como você, ficou famosa escrevendo suas aventuras sexuais num blog e depois um livro. Que recado você daria para ela?
Jessica – Ser uma prostituta por prazer é... nunca nem pensei nisso! Nem lembro os nomes e as caras das pessoas com quem saí, mas só o dinheiro que fiz com elas. Se eu estou com alguém de quem não gosto, fazendo coisas que não queria fazer e sem pensar no dinheiro, eu me sinto uma pessoa mais baixa. A diferença entre eu e ela é que eu realmente precisava de dinheiro. Adoraria ler o livro dela para ver esse lado da coisa, só isso que tenho a dizer. ÉPOCA
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