É um sentimento comum: aquela dor no peito e vontade de chorar, sem motivo aparente. Em alguns momentos, pode até parecer que a vida emperrou - e que a angústia vai tomar conta do coração. A verdade é que os assuntos do cotidiano, do coração e do espírito não estão separados - uns afetam os outros. O psicoterapeuta Nei Ricardo de Souza, de Curitiba, lembra que, graças à arte, à filosofia e à religião, existem variadas concepções de alma. "Para a ciência, é o exame das funções psíquicas, como o humor e a criatividade, entre outras, que permite fazer um checkup da alma", afirma o especialista, autor do livro "Psicoterapia e Taoísmo" (ed. Summus Editorial). Veja a seguir um roteiro do que pode ser examinado:
Nível de flexibilidade - Além de garantir a sobrevivência da espécie, a capacidade de adaptação às condições do momento revela muito sobre nossas possibilidades de bem-estar. Para avaliá-la, observe como lida com contrariedades e imprevistos. Faz tempestade em copo d’água ou busca novas soluções sem drama? Consegue desapegar-se do seu ponto de vista e dispor-se a conhecer outros? A maleabilidade evita dispêndio de energia, beneficia suas relações e prepara para as mudanças. "Existem fases de crescimento, estabilização e declínio. Sábia é a mulher que consegue identificar as características de cada situação e adaptar suas atitudes a ela", diz Souza.
Temperatura emocional - As oscilações de humor são inevitáveis. Faz parte da vida ficar triste, ansiosa ou amedrontada, às vezes. O problema aparece quando se "congela" em um único estado. É o caso dos deprimidos, que sofrem de tristeza crônica. Verifique se existe um padrão fixo. "É possível ampliar a consciência sobre esse padrão se, a cada vez que ele se manifestar, houver um processo de reflexão procurando identificar o que provoca tal estado de ânimo. Talvez chegue a conclusões surpreendentes sobre si mesma", diz o terapeuta. Como exercício, ele sugere um diário. "O exame contínuo desses registros íntimos favorece o autoconhecimento."
Fluxo de criatividade - Existem muitos modos de ser criativa. Por isso, evite julgar essa capacidade apenas pelas ideias profissionais. O que precisa ser avaliado é: até que ponto você assume a autoria da própria vida? Esse é o sumo do poder criativo, que faz uma mulher se reinventar toda vez que é desafiada. Se a monotonia pintar, talvez a energia esteja sendo consumida por questões internas. A ansiedade e o stress, por exemplo, afetam a originalidade e a perspicácia - que não por acaso são associadas à "presença de espírito". Aquilo que faz você se safar de um perigo ou sair com uma tirada genial. Mas, se a cabeça estiver abarrotada de preocupações, não haverá lugar disponível para novas ideias. Dê uma pausa. Práticas como meditação e relaxamento ajudam a esvaziar a mente - é o vazio que permite a gestação do novo.
Qualidade das relações - Para os taoístas, a dinâmica da natureza e das relações baseia-se na composição das forças yin e yang. Yin é associado à noite, ao feminino, ao recolhimento; yang representa o dia, o masculino, a expansão. Todos passamos por períodos mais ou menos favoráveis ao contato social e afetivo. O problema é cair no extremo: tornar-se muito isolada e introspectiva (yin) ou, então, partir para várias conquistas (yang) sem conseguir ficar um minuto sozinha. Para Souza, a qualidade de nossos laços está atrelada à relação que temos conosco. "Quem está bem consigo mesma tende a criar ligações saudáveis; já quem transforma as relações em um inferno revela desajustes importantes, mas se recusa a vê-los e acaba projetando seus defeitos nos outros." CLÁUDIA
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