O Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, e governadores de estados amazônicos se reunem em Cuiabá
A floresta em pé tem que render mais dinheiro do que a floresta derrubada. É com base nessa premissa que sete governadores de estados amazônicos se reuniram nesta quarta-feira (1º), em Cuiabá, no encontro Katoomba Meeting. O objetivo deles é desenvolver um mecanismo para que quem preserve a floresta possa receber dinheiro por isso.
Essa ideia, batizada de REDD (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação), está sendo desenvolvida para entrar em um acordo internacional que deverá ser firmado nos próximos anos, em substituição ao Protocolo de Kioto. Os governadores querem que a manutenção da floresta possa ser “comprada” por empresas e países que emitem muitos gases causadores de efeito estufa. Investindo em preservação, eles impediriam que a derrubada da floresta emitisse gás carbônico, compensando assim a poluição causada em suas indústrias.
No final do ano, na Dinamarca, uma reunião da ONU poderá definir se esse mecanismo será válido oficialmente. “Queremos alinhar nossas demandas para chegar em Copenhagen com uma proposta de consenso entre os governadores da Amazônia”, afirmou o governador de Mato Grosso, Blairo Maggi. Além dele, estavam na reunião os governadores Binho Marques (Acre), Ivo Cassol (Rondônia), Eduardo Braga (Amazonas), Ana Júlia Carepa (Pará), Ruben Costas (Departamento de Santa Cruz, na Bolívia) e Ivan Vasquez (Departamento de Loreto, no Peru).
Um outro apoiador do REDD é o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. “Nosso desafio é criar empregos sustentáveis para que as pessoas vivam com dignidade sem destruir a natureza”, afirmou ele, que também esteve em Cuiabá.
Um outro apoiador do REDD é o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. “Nosso desafio é criar empregos sustentáveis para que as pessoas vivam com dignidade sem destruir a natureza”, afirmou ele, que também esteve em Cuiabá.
Estoque x Fluxo - Apesar da proposta ser apoiada por políticos, ONGs e proprietários rurais, ela não é consenso no meio científico. Para o professor Gylvan Meira, do Instituto de Estudos Avançados da USP, há um problema lógico na idéia de compensar emissões de gases com a manutenção de florestas em pé. “Não se pode confundir fluxo com estoque”, diz. O principal problema disso seria que as florestas poderiam diminuir momentaneamente a emissão de gases de efeito estufa, mas isso não serviria para sempre.
Um exemplo do problema citado por Meira seria uma floresta que, derrubada, poderia emitir 10 toneladas de gás carbônico. Se uma fábrica que emite uma tonelada desse gás por ano pagar para manter essa floresta em pé, no 11º ano a poluição emitida já é maior do que se a mata desaparecesse.
O cientista, contudo, não é pessimista em relação à ideia de que proprietários de terra podem receber dinheiro por manter florestas em pé. Ele acredita que há governos e empresas dispostos a pagar por isso, e cita como exemplo a recente doação de US 110 milhões feitos pela Noruega ao Fundo Amazônia. GLOBO AMAZÔNIA
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