Toda a repercussão que a estréia do novo bloco de largada causou pode ter sido precipitada. A Fina (Federação Internacional de Natação) vai discutir em março, durante reunião do bureau de administração, se a novidade será usada no Mundial de Esportes Aquáticos de Roma, em julho. A chance de adiar o uso é grande.
Para o supervisor técnico da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) e membro do comitê técnico da Fina, Ricardo de Moura, o problema é que o bloco ainda não está disponível para todos os países. A empresa suíça Omega, que desenvolveu o aparato, só o usou até agora no evento teste dos Jogos Olímpicos de Pequim e na etapa sueca da Copa do Mundo de piscina curta.
"A CBDA, por exemplo, só pode fazer um pedido do novo bloco depois de março, quando será decidido se ele será usado ou não no Mundial. Não há tempo hábil para que todos tenham acesso ao bloco até o Mundial. Minha opinião é a que Fina não vai usá-lo em Roma", explica.
Com o bloco ainda retido pela empresa responsável, nenhum país no mundo conseguiu um modelo oficial para a adaptação de seus atletas. Nos Estados Unidos, foi desenvolvido um bloco similar, feito de alumínio. No Brasil, o técnico da seleção brasileira e do Pinheiros, Alberto Silva, o Albertinho, enviou fotos e medidas para uma empresa de materiais esportivos e ainda aguarda uma resposta.
"O problema de tudo isso é que você só pode criar um bloco genérico quando tiver o original na mão. Com fotos e medidas, você até pode fazer algo que se aproxime, mas será ainda diferente do original. Acho que só poderemos fazer uma cópia desse bloco quando tivermos um da Omega na nossa mão, desmontarmos e analisamos o funcionamento", analisa Moura.
Fabíola Molina, que esteve em Gotemburgo e testou o bloco, diz que a criação de um bloco adaptado não seria difícil. "Brasileiro é criativo e (o bloco) não é algo muito diferente. É só um apoio para o pé ajustável", conta a nadadora, que lamentou que a inovação não chegou em suas provas. "Eu tenho que esperar chegar algo assim para quem larga lá de baixo, né..."
Apesar da aparente simplicidade, o novo bloco, garantem especialistas, exige adaptação do nadador. "Você precisa treinar antes porque ele dá uma impulsão maior e, quem já larga bem, pode passar do limite de 15 metros do impulso sem perceber", afirmou Moura.
Para Albertinho, o caso é o mesmo da adaptação aos novos maiôs. "Pode parecer insignificante, mas é claro que muda a mecânica do salto. Com uma base atrás do pé de apoio, seu centro de equilíbrio vai se alterar com mais velocidade, um dos pés chega mais rápido. É a mesma coisa do maiô. Não é só vestir e sair nadando. Tem de ajustar o modo de nadar. O maiô, por exemplo, pode deixar o quadril mais alto e você tem de descer um pouco mais o peito para fazer o movimento. São ajustes pequenos, mas que você só consegue fazer se tiver a experiência de ter usado antes", explica o treinador.
O campeão olímpico César Cielo, que teve acesso ao modelo genérico criado nos EUA uma semana depois do evento teste de Pequim, diz que a adaptação do atleta não é difícil. "A CBDA me ligou e falou sobre o novo bloco logo depois que viram em Pequim, mas eu já estava usando ele na minha universidade. Acho que, para os velocistas, não é tão diferente. Eu já saio com o pé apoiado, então só ajuda". (UOL)
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