Não é por falta de agência bancária perto de casa que populações ribeirinhas na bacia do Rio Solimões, no Amazonas, vão deixar de abrir conta corrente. Desde dezembro de 2009, um dos grandes bancos brasileiros atende a essas pessoas com um posto eletrônico adaptado nas dependências do navio-mercado Voyager III, que sai de Manaus duas vezes ao mês, rumo ao município de Atalaia do Norte, perto da fronteira com o Peru.
Só foi possível criar esse sistema depois de cerca de três anos de pesquisa, já que a tecnologia utilizada não existia da forma como foi concebida em nenhuma parte do mundo. Como o sinal do banco precisava chegar a regiões remotas da Amazônia, mas o posto de atendimento ficaria dentro de um barco em movimento, a solução foi se inspirar em equipamentos avançados de navegação, encontrados na Espanha.
Dessa forma, técnicos do banco instalaram no topo do Voyager III uma antena satelital móvel importada, cujo funcionamento se dá por meio de uma cápsula que a encobre.
A cápsula, produzida com material que protege a antena contra as intempéries do clima tropical, faz um giro completo e fica se movendo enquanto o barco avança pelo rio, sempre à procura da melhor posição para se conectar com o satélite. Se não fosse assim, a ligação só funcionaria no momento em que a embarcação estivesse parada.
"Ao desenvolver o sistema, o primeiro ponto foi permitir, de forma simples, que o ribeirinho pudesse fazer todas as operações bancárias em um terminal de auto-serviço", explica André Martins, presidente da Rede Ponto Certo, empresa responsável pela tecnologia empregada no banco flutuante. "O avanço todo está em fazer com que essas pessoas, não acostumadas com as tecnologias como quem vive em grandes cidades, possam aprender e usar esse serviço."
O terminal instalado no banco só não permite ao ribeirinho realizar saques e depósitos. Mas as operações podem ser feitas no próprio caixa do navio-mercado, que também aceita vender seus produtos por meio do pagamento em cartão.
O Voyager III navega pelo Solimões levando 200 passageiros e 500 toneladas de toda a sorte de alimentos e utilitários, desde um palito a uma telha, um frango congelado ou uma impressora. Afinal, nada pode faltar em uma região que recebe apenas duas vezes a cada mês um mercado com produtos comuns em cidades urbanizadas.
O barco possui, dependendo da viagem, uma gerente e cerca de cinco funcionários treinados para atender interessados nos serviços bancários. Em quatro meses, mais de 300 contas foram abertas.
Mas o mercado potencial é bem maior, já que, em um trajeto de 1.600 quilômetros pelo Rio Solimões, o navio esbarra em 50 comunidades ribeirinhas e 11 cidades. Outras 64 vilas estão distribuídas em locais próximos, em braços de rio que permeiam o leito principal do Solimões. De Manaus até a cidade de Atalaia do Norte, passando por Tabatinga, o maior centro urbano perto da fronteira com o Peru, existem cerca de 240 mil moradores.
Alguns vilarejos pelo caminho possuem postos de atendimento avançado do banco, que funcionam para estimular os negócios em cada local e têm parte dos serviços oferecidos por meio de um banco postal, como é o caso de Jutaí e Tonantins. Mas as distâncias entre um posto e outro geralmente são grandes, ainda mais considerando que parte da população se desloca usando canoas sem motor. GLOBO AMAZÔNIA
Só foi possível criar esse sistema depois de cerca de três anos de pesquisa, já que a tecnologia utilizada não existia da forma como foi concebida em nenhuma parte do mundo. Como o sinal do banco precisava chegar a regiões remotas da Amazônia, mas o posto de atendimento ficaria dentro de um barco em movimento, a solução foi se inspirar em equipamentos avançados de navegação, encontrados na Espanha.
Dessa forma, técnicos do banco instalaram no topo do Voyager III uma antena satelital móvel importada, cujo funcionamento se dá por meio de uma cápsula que a encobre.
A cápsula, produzida com material que protege a antena contra as intempéries do clima tropical, faz um giro completo e fica se movendo enquanto o barco avança pelo rio, sempre à procura da melhor posição para se conectar com o satélite. Se não fosse assim, a ligação só funcionaria no momento em que a embarcação estivesse parada.
"Ao desenvolver o sistema, o primeiro ponto foi permitir, de forma simples, que o ribeirinho pudesse fazer todas as operações bancárias em um terminal de auto-serviço", explica André Martins, presidente da Rede Ponto Certo, empresa responsável pela tecnologia empregada no banco flutuante. "O avanço todo está em fazer com que essas pessoas, não acostumadas com as tecnologias como quem vive em grandes cidades, possam aprender e usar esse serviço."
O terminal instalado no banco só não permite ao ribeirinho realizar saques e depósitos. Mas as operações podem ser feitas no próprio caixa do navio-mercado, que também aceita vender seus produtos por meio do pagamento em cartão.
O Voyager III navega pelo Solimões levando 200 passageiros e 500 toneladas de toda a sorte de alimentos e utilitários, desde um palito a uma telha, um frango congelado ou uma impressora. Afinal, nada pode faltar em uma região que recebe apenas duas vezes a cada mês um mercado com produtos comuns em cidades urbanizadas.
O barco possui, dependendo da viagem, uma gerente e cerca de cinco funcionários treinados para atender interessados nos serviços bancários. Em quatro meses, mais de 300 contas foram abertas.
Mas o mercado potencial é bem maior, já que, em um trajeto de 1.600 quilômetros pelo Rio Solimões, o navio esbarra em 50 comunidades ribeirinhas e 11 cidades. Outras 64 vilas estão distribuídas em locais próximos, em braços de rio que permeiam o leito principal do Solimões. De Manaus até a cidade de Atalaia do Norte, passando por Tabatinga, o maior centro urbano perto da fronteira com o Peru, existem cerca de 240 mil moradores.
Alguns vilarejos pelo caminho possuem postos de atendimento avançado do banco, que funcionam para estimular os negócios em cada local e têm parte dos serviços oferecidos por meio de um banco postal, como é o caso de Jutaí e Tonantins. Mas as distâncias entre um posto e outro geralmente são grandes, ainda mais considerando que parte da população se desloca usando canoas sem motor. GLOBO AMAZÔNIA
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