No Japão, o seu tipo sanguíneo pode ser determinante na hora de ganhar uma vaga de emprego. Isso porque, no país, existe a crença de que o tipo sanguíneo determina a personalidade das pessoas. A crença, apesar de não ter fundamento científico nenhum, está altamente disseminada a população e começa a criar verdadeiras castas baseadas no sangue.
Para dar uma dimensão de quão arraigada é essa crença, da lista dos 10 “best-sellers” no Japão, quatro são sobre como o tipo sanguíneo influencia na personalidade. Segundo o jornal The Washington Post, uma série de livros sobre todos os tipos existentes – A, B, O e AB – vendeu cinco milhões de cópias.
Conforme definido nos livros, as pessoas do tipo A são sensíveis e perfeccionistas, mas extremamente ansiosas. O tipo B tem pessoas alegres, mas excêntricas e egoístas. Os do tipo O são curiosos, generosos e teimosos. Já os AB são artísticos, misteriosos e imprevisíveis.
Segundo o editor dos livros, eles fazem sucesso porque confirmam a auto-imagem que as pessoas fazem de si, ou então dão uma interpretação atraente aos comportamentos de cada um.
Até o primeiro-ministro do Japão, Taro Aso, considera os tipos sanguíneos importantes e revela o seu em seu perfil na internet. O caso não poderia ser mais bizarro: seu principal adversário, o líder da oposição, Ichiro Ozawa, é do tipo B e a “batalha de sangues” tem grande influência na decisão do eleitorado.
Também há jogos de videogame em que o tipo sanguíneo é uma importante característica dos personagens e uma rede de TV está prestes a transmitir uma série sobre uma mulher que procura um marido com base no seu tipo de sangue. A ficção reflete a realidade. No país, já existem agências de relacionamentos cujos encontros são combinados a partir do tipo sanguíneo.
Há até uma palavra para “assédio por tipo sanguíneo”: “bura-hara”, usada para acusar empresas que usam o critério para a seleção dos funcionários. “Apesar das intimações, existem muitas empresas que perguntam o tipo sanguíneo nas entrevistas”, afirma Junichi Wadayama, um official do Ministério da Saúde, Bem-estar e Trabalho.
“A prática está tão disseminada que a maior parte das pessoas, até executivos de grandes companhias, não está consciente que perguntar pelo tipo sanguíneo pode gerar discriminação”, completa.
O professor de psicologia Satoru Kikuchi, da Universidade de Shinshu, assegura que o tipo sanguíneo não tem nenhuma relação com a personalidade. “É uma ideia que encoraja as pessoas a julgarem uns aos outros sem se conhecerem, é como o racismo”.
Segundo pesquisadores, essa mentalidade pode ter origem nas ideologias nazistas. Durante a Segunda Guerra, os japoneses foram importantes aliados dos alemães e podem ter importado alguns conceitos, que seriam usados para “criar” soldados mais eficientes. (ÉPOCA)
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