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quarta-feira, 23 de setembro de 2009

As sucatas que enfeiam os aeroportos brasileiros

Quem viaja com frequência já deve ter visto a quantidade de aeronaves abandonadas em pátios nas áreas remotas dos aeroportos. Esse ferro-velho (alumínio-velho, melhor dizendo) soma nada menos que 65 unidades, segundo a Infraero. Estão espalhados por todo o país por falta de um local específico para que fiquem armazenados. A estatal chegou a estudar o uso do aeroporto de Petrolina para esse fim, mas todas as decisões dependem da Justiça. Tais aeronaves integram processos de falência que obrigam a administradora dos terminais a funcionar como fiel depositária do bem. Ainda que o bem não valha rigorosamente nada. Se algum dia o processo for encerrado, a Infraero terá o direito de cobrar as diárias de estacionamento de todo o período em cima do montante arrecadado com o leilão.

Eis a lista oficial das carcaças: no Santos Dumont, perto da cabeceira junto à antiga rampa dos hidroaviões estão um AC-68 Aerocomander, que foi da antiga Prospec S/A GEO e Aerofotogametria (extinta). O último pouso foi em novembro de 1992. Esse, inclusive, nem trens de pouso tem mais. Ao lado estão dois Bandeirantes da Votec Serviços Regionais (extinta). Pousaram ali em dezembro de 1995 e agosto de 1997. Já no Galeão são três aeronaves, dois B727, um da Fly – este ficava em frente ao terminal de autoridades da Base Aérea do Galeão – e outro da Platinum, cargueiro. Há também um B737 da VASP. Todas têm pendências judiciais.

Em Brasília, são 9 aeronaves no aeroporto JK, na remota do acesso à pista. São cinco B767 e dois EMB-110 Brasília da massa falida da Transbrasil. Além disso há ainda três B737-200 da Vasp – jatos bons esses, pena que o custo da manutenção estrutural que pela idade são obrigados a passar os condenou à aposentadoria. Fecha a relação um Fokker 27 pertencente à empresa TAVAJ, de aviação executiva.

A lista continua em Guarulhos. Antes, quando pousávamos, víamos à direita o cemitério de aviões. Pouco antes da decretação da falência da Vasp, pousamos ali de noite e presenciamos um dos jatos da frota sendo depenado. Chamou a atenção o fato de que, assim que os passageiros olharam para o 737, os sujeitos que estavam dentro apagaram todas as luzes da cabine. De acordo com a Infraero, são oito aviões parados em Cumbica. Quatro deles, B737, pertencem à VASP, um à companhia cargueira Skymaster (que fazia o transporte postal), mais um B727 da Fly e um B707 cargueiro da Beta. Numa cabeceira pouco usada ali existe um desmanche dos jatos - isso mesmo: desmanche. A Infraero, no entanto, diz que a área é para a desmontagem do equipamento pelos proprietários quando as pendências judiciais são resolvidas.

Para completar, Viracopos também tem uma área com jatos abandonados, bem ao lado do terminal cargueiro. Ali, da última vez que passei tinha B707 cargueiro - se não me engano da Beta - e até um Lockheed Tristar, uma raridade.

Em Congonhas há outra quantidade razoável de jatos abandonados e um grande imbroglio jurídico que asfixia um terminal com enorme movimento e onde cada centímetro disponível é disputadíssimo. São dois A300, sete B737 e um B727, todos pertencentes à Vasp. Esses se encontram em fase de avaliação para a venda posterior. A situação é complexa: aguarda-se que o valor seja estabelecido e que o desmonte, ou a remoção para outro local seja autorizado – uma operação cara e sofisticada e que exige pessoal especializado. O aeroporto conta com esse espaço há oito anos, mas não pode ampliar o planejamento operacional enquanto a questão não é solucionada.

Há urgência em função dos preparativos para a Copa do Mundo, mas tudo depende de encaminhamentos judiciais. A empresa paulista tem ainda jatos parados em Confins (um), Manaus (dois), Viracopos (um) e São Luís (um). JBLOG SLOT

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