Dormir pouco e mal pode causar distúrbios psiquiátricos e induzir a comportamentos que levem os médicos a confundi-los com doenças mentais que é preciso medicar.
Esta é a conclusão de um trabalho publicado hoje pela revista "New Scientist", destacando que esta má interpretação dos problemas derivados da falta de sono adequado leva milhares de pessoas a recebendo tratamentos com remédios que não só não ajudam como ainda podem estar piorando sua saúde.
O psicólogo da Universidade de Berkeley (EUA) Matt Walker considera "muito preocupante" constatar que uma grande proporção de pessoas que sofrem apenas transtornos do sono estejam sendo tratadas como se tivessem doenças psiquiátricas.
O estudo inverte a relação de causa e consequência da ideia compartilhada pela maioria de psiquiatras de que as pessoas com doenças mentais dormem mal.
Dormir mal também pode explicar outros comportamentos característicos associados a diversas doenças mentais, como os surtos maníacos sofridos pelas pessoas com transtorno bipolar ou pelas que apresentam problemas de déficit de atenção.
Segundo o pesquisador, é a falta de sono que provoca os problemas e não o contrário, algo que é conhecido desde tempos imemoriais em que pessoas são impedidas de dormir como forma de tortura.
A explicação física é que o sonho interrompido dispara os níveis de estresse hormonal, causando ansiedade durante o dia, mas o que os cientistas se perguntam é por que isto também reduz a capacidade do cérebro para processar emoções e para reagir de maneira adequada aos diversos estímulos emocionais.
Outra linha de pesquisa demonstra que o sonho, particularmente em sua fase REM (na qual sonhamos), ajuda o cérebro a processar as lembranças e que um funcionamento alterado deste sistema pode derivar em problemas como o estresse pós-traumático.
A preocupação dos estudiosos que defendem esta linha é de que a medicina vem abusando do uso de medicamentos para tratar pessoas que só precisam dormir mais e melhor, inclusive menores de idade.
"Algumas crianças estão sendo tratadas com remédios como o ritalina quando seu problema é que têm um transtorno do sono", adverte Mark Kohler, do Hospital para Mulheres e Crianças de Adelaide, na Austrália. (EFE)
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