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quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Às vésperas do Carnaval na Bahia, abadás encalham

A um dia da abertura oficial do Carnaval de Salvador, abadás de quase todos os blocos da cidade estão encalhados.

Até mesmo cantores conhecidos têm dificuldades para vender as fantasias, que chegam a custar R$ 840 por dia de festa. Ontem, ainda havia abadás para todos os dias de desfile dos blocos "Coruja" e "Cerveja & Cia", comandados por Ivete Sangalo, e "Internacionais" e "Barra", puxados por Claudia Leitte e que custam R$ 300.

"Os reflexos da crise econômica na folia são evidentes", diz Joaquim Nery, sócio da Central do Carnaval, que vende fantasias de 27 dos mais tradicionais blocos, entre os quais Olodum, Timbalada e Camaleão.

Até ontem, nenhum dos 27 blocos havia vendido todos os abadás. Em 2008, a essa altura, os foliões só achavam fantasias com cambistas, disse a atendente Ana Paula Silveira.

A crise também provocou a "morte" de um dos mais conhecidos blocos da cidade, o "Beijo". "Como não conseguimos vender nem 200 abadás, nosso único patrocinador resolveu cancelar um contrato de R$ 600 mil", diz Ari Ribeiro, produtor do bloco. No ano passado, foram vendidos 3.200 abadás.

Puxado pela banda Chiclete com Banana, o "Camaleão" não havia vendido até ontem as fantasias para o desfile de terça (a R$ 840 cada uma).

Outros dois "filhos" do Chiclete -os blocos "Nana Banana" e "Voa, Voa"- não comercializaram todas as fantasias.

"É preciso repensar o Carnaval de Salvador. Nenhum patrocinador quer mais investir em blocos que desfilam à noite ou de madrugada porque não há retorno", diz Willian Viana, um dos dirigentes do "Pike", bloco que há três anos não vai às ruas por falta de verba.

Dos mais tradicionais, só o "Coco Bambu" e o "Me Abraça", de Durval Lélys, do Asa de Águia, têm todos os abadás vendidos (cerca de 3.000 cada um).

Responsável pela organização do Carnaval, a Prefeitura de Salvador arrecadou só R$ 5,55 milhões -em 2008 foram R$ 11,2 milhões. A festa custa cerca de R$ 30 milhões. O publicitário Maurício Magalhães, que comercializa as cotas, diz que a crise econômica causou uma retração das multinacionais.

Mesmo sem vender todos os abadás, Ivete Sangalo diz que a crise não lhe afetou. "Para mim não existe crise. Neste ano, captamos 30% a mais de patrocínio para o camarote."

O preço, porém, caiu: dois dias em um bloco com a cantora saem por R$ 500 -antes, um único dia custava R$ 650. (FOLHA ONLINE)

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