O ciberespaço provavelmente será um campo de batalha importante para os países no século 21, mas recrutar profissionais com o conhecimento técnico necessário para combater nele, e reter sua lealdade, será uma tarefa difícil.
De ataques de hackers com o objetivo de roubar informações e espionar segredos comerciais ao worm Stuxnet, aparentemente criado para atacar o programa nuclear iraniano no ano passado, a guerra informatizada vem avançando rapidamente.
Desenvolver e decifrar códigos sempre foi uma capacidade muito procurada na arte da espionagem, desde o passado distante, mas o ritmo acelerado de avanço da tecnologia e as personalidades ocasionalmente erráticas das pessoas que estão na sua vanguarda oferecem grandes desafios para governos.
- Não existe número suficiente dessas pessoas, com certeza; precisaríamos de uma ordem de magnitude a mais do que dispomos no momento - disse John Bassett, pesquisador associado do Royal United Services Institute, em Londres, e antigo funcionário sênior do Government Communications Headquarters (GCHQ) britânico.
Tanto nos países ocidentais quanto em potências emergentes como China e Rússia, vistas como fortemente interessadas em guerra cibernética, os governos vêm conduzindo esforços sérios de recrutamento por meio de concursos, junto às universidades e, ocasionalmente, por meio de sites de mídia social.
Um relatório especial da Reuters publicado no mês passado mostrava que alguns especialistas norte-americanos já estavam preocupados com a possibilidade de que Pequim esteja se adiantando no campo da espionagem computadorizada, revelando que negociações indiretas já estavam em curso entre as duas potências, com o objetivo de evitar uma escalada involuntária das tensões.
Em uma era de confrontos e avanços técnicos cada vez maiores e mais intensos, reter pessoal é um desafio. Os especialistas mais capacitados podem se desgastar com o trabalho, ser alvo de ofertas de trabalho no setor privado ou ceder à tentação de causas criminais ou de oposição ao sistema. Além disso, muitos dos melhores entre esses profissionais podem ter personalidades difíceis, e ocasionalmente excêntricas.
Um jovem analista de inteligência do Exército dos EUA, Bradley Manning, é suspeito de ter sido a principal fonte dos documentos sigilosos norte-americanos vazados pelo site Wikileaks. Com isso, especialistas em segurança se preocupam sobre o que experientes "cibersoldados" treinados pelo governo poderiam fazer.
"O fator central em tudo isso é o caráter humano. Parte do problema de administrar isso é que essas serão pessoas impacientes", disse Bassett.
As habilidades que os governos precisam também estão evoluindo, indo além das funções técnicas e analíticas normalmente exigidas por agências de inteligência. Especialistas em segurança afirmam que complexas batalhas no ciberespaço fazem parte de um futuro cada vez mais possível, com rivais se infiltrando em sistemas de outros para provocar estragos. FONTE: O GLOBO
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