Descoberto em 2004 por um grupo de cientistas brasileiras, os pés de café sem cafeína mostraram uma produtividade muito baixa para serem aproveitados comercialmente. Agora, pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) anunciaram a criação de plantas mutantes (que não são transgênicas) que combinam a produtividade do cafeeiro tradicional e a falta de cafeína. As informações são da Agência Fapesp.
Segundo a agência, o professor Paulo Mazzafera tratou sementes de café da espécie Coffea arabica com dois mutagênicos. Dessas sementes, nasceram 28 mil plantas que foram analisadas com método qualitativo que identificava a presença ou ausência de cafeína.
"Com o tratamento, obtivemos sete cafeeiros que são praticamente desprovidos de cafeína. São plantas bastante vigorosas que já estão produzindo flores. Já fizemos boa parte das análises bioquímicas e moleculares dessas plantas e procuramos uma empresa brasileira interessada em implantar comercialmente esse café naturalmente descafeinado", disse à agência.
O pesquisador afirma que agora procura uma empresa que tenha interesse nas plantas para levar as sementes a campo em 2011. O cientista diz ainda que, apesar de o interesse por café descafeinado ser pequeno no Brasil - cerca de 1% do produto comercializado no País é desprovido de cafeína - no exterior, ele representa 10% das vendas de café.
Existem três processos para produção do café descafeinado: o método que emprega o solvente diclorometano, o método suíço (que utiliza água para retirar a cafeína) e o gás carbônico supercrítico. "No método suíço, a água retira a cafeína, mas leva junto muitos elementos importantes do café, tendo que ser retornada ao processo. Já o supercrítico exige instalações muito caras", diz Mazzafera.
"O café descafeinado corresponde a cerca de 10% do total do café comercializado no mundo. Certamente, é um mercado muito interessante e muito valorizado. A alternativa de um café desse segmento que não tem necessidade de passar por processos industriais para ser descafeinado é bastante promissora em termos de mercado", afirmou.
Segundo o cientista, as plantas mutantes apresentam apenas um problema: eles têm taxa de autofecundação mais baixa que o pé de café tradicional (que chega a 95%). "Como a flor abre antes, em tese ela pode receber pólen de plantas com outros teores de cafeína. O problema, no entanto, não é tão grave, porque podemos plantar lotes de café formados exclusivamente com as plantas mutantes, segregados dos lotes com as plantas normais. Ou podemos colocar abelhas nas plantações do material com baixo teor de cafeína, provocando assim um aumento da taxa de autofecundação entre elas", disse Mazzafera.
Mutagênico contra transgênico - Mazzafera explica que o pé de café não é transgênico, já que não houve acréscimo de nenhum gene no DNA da planta. Ele afirma que foi induzida uma mutação no vegetal, método bastante utilizado na agricultura há mais de 50 anos. O pesquisador diz que o resultado do processo foi que o gene que sintetiza a cafeína, apesar de não sofrer mudança, passou a se expressar pouco.
"Alguma coisa que controla a expressão do gene (chamada de fator de transcrição) deve ter sido alterada (o que levou à mudança na produção da cafeína)" diz o cientista. Mazzafera explica ainda que mutações ocorrem todos os dias na natureza e que o que a pesquisa fez foi acelerar esse processo. TERRA
Segundo a agência, o professor Paulo Mazzafera tratou sementes de café da espécie Coffea arabica com dois mutagênicos. Dessas sementes, nasceram 28 mil plantas que foram analisadas com método qualitativo que identificava a presença ou ausência de cafeína.
"Com o tratamento, obtivemos sete cafeeiros que são praticamente desprovidos de cafeína. São plantas bastante vigorosas que já estão produzindo flores. Já fizemos boa parte das análises bioquímicas e moleculares dessas plantas e procuramos uma empresa brasileira interessada em implantar comercialmente esse café naturalmente descafeinado", disse à agência.
O pesquisador afirma que agora procura uma empresa que tenha interesse nas plantas para levar as sementes a campo em 2011. O cientista diz ainda que, apesar de o interesse por café descafeinado ser pequeno no Brasil - cerca de 1% do produto comercializado no País é desprovido de cafeína - no exterior, ele representa 10% das vendas de café.
Existem três processos para produção do café descafeinado: o método que emprega o solvente diclorometano, o método suíço (que utiliza água para retirar a cafeína) e o gás carbônico supercrítico. "No método suíço, a água retira a cafeína, mas leva junto muitos elementos importantes do café, tendo que ser retornada ao processo. Já o supercrítico exige instalações muito caras", diz Mazzafera.
"O café descafeinado corresponde a cerca de 10% do total do café comercializado no mundo. Certamente, é um mercado muito interessante e muito valorizado. A alternativa de um café desse segmento que não tem necessidade de passar por processos industriais para ser descafeinado é bastante promissora em termos de mercado", afirmou.
Segundo o cientista, as plantas mutantes apresentam apenas um problema: eles têm taxa de autofecundação mais baixa que o pé de café tradicional (que chega a 95%). "Como a flor abre antes, em tese ela pode receber pólen de plantas com outros teores de cafeína. O problema, no entanto, não é tão grave, porque podemos plantar lotes de café formados exclusivamente com as plantas mutantes, segregados dos lotes com as plantas normais. Ou podemos colocar abelhas nas plantações do material com baixo teor de cafeína, provocando assim um aumento da taxa de autofecundação entre elas", disse Mazzafera.
Mutagênico contra transgênico - Mazzafera explica que o pé de café não é transgênico, já que não houve acréscimo de nenhum gene no DNA da planta. Ele afirma que foi induzida uma mutação no vegetal, método bastante utilizado na agricultura há mais de 50 anos. O pesquisador diz que o resultado do processo foi que o gene que sintetiza a cafeína, apesar de não sofrer mudança, passou a se expressar pouco.
"Alguma coisa que controla a expressão do gene (chamada de fator de transcrição) deve ter sido alterada (o que levou à mudança na produção da cafeína)" diz o cientista. Mazzafera explica ainda que mutações ocorrem todos os dias na natureza e que o que a pesquisa fez foi acelerar esse processo. TERRA
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