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domingo, 13 de junho de 2010

GÊNIO E INGÊNUO: Hacker acusado de desviar milhões de banco não sabe ver horas em relógio


Ao mesmo tempo em que é considerado um gênio por conseguir invadir diversos sistemas financeiros pela internet, o jovem João Sperandio Neto, de Bragança Paulista, no interior de São Paulo, também é visto pela própria família como ingênuo e até burro. Ele é investigado pela Polícia Civil e pelo Ministério Público acusado de desviar milhões em dinheiro de bancos, empresas e universidades ao longo dos seus 24 anos de vida. Preso em São Paulo desde 3 de junho por suspeita de tentar extorquir uma instituição bancária com sede na Avenida Paulista, um dos mais perigosos hackers do país não sabe, por exemplo, ver as horas em um relógio com ponteiros.

“O conceito de inteligência é complexo. O cara pode ter capacidade de resolver problemas, mas não tem outras habilidades”, afirmou o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, que atendeu Neto em seu consultório na capital paulista em 2006. “Ele sabia programar, mas não sabia ver horas, por exemplo. Essa coisa da inteligência é relativa.”

Por isso, o médico havia solicitado ao paciente, naquela ocasião, que ele passasse por alguns exames. “Eu tinha recomendado para ele um exame neuropsicológico. Essa foi a suspeita que eu tinha feito para ele: transtorno de déficit de atenção de hiperatividade. É um transtorno comum em crianças e adolescentes."

Gênio e ingênuo - “Não sei explicar porquê, mas ele [Neto] não sabe ver horas de relógio de ponteiro”, afirmou a mãe do universitário, a vendedora Denise Aparecida de Almeida Sperandio. Por isso, seu filho prefere relógios digitais para saber da hora - algo que não terá no Centro de Detenção Provisória 4 de Pinheiros, na Zona Oeste da capital paulista. Antes de ser detido, chegava a ficar 30 horas seguidas, em média, em frente ao computador. Ganhou o primeiro aos 12 anos de idade.

“Ele é um gênio, mas é um 'gênio burro'. Às vezes, acho que ele não é inteligente, mas apenas esperto. Ele sabe tudo de lógica, mas não sabe fazer outras coisas”, completou o pai dele, o empresário João Sperandio Júnior, de 48 anos. Em depoimento à polícia, Neto admitiu ter se infiltrado ilegalmente na rede de segurança do banco e obtido dados sigilosos de clientes, mas negou a extorsão. “Não estamos aqui falando de nenhum santinho, mas ele não é criminoso. É um moleque e é inocente desta acusação.”

“O indiciado (...) alega que pretendia apenas ser contratado profissionalmente e para tanto tratou de demonstrar, mesmo ilicitamente, a falha do sistema”, diz o boletim de ocorrência registrado pela Delegacia de Repressão a Delitos cometidos por Meios Eletrônicos do Departamento de Investigações sobre Crime Organizado (Deic). SPTV

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