O governo federal anunciou nesta segunda-feira (30) um pacote de medidas para  estimular a economia do país, que atinge setores como o automobilístico, de  construção e o tabagista. 
O anúncio foi feito pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, em São Paulo. As  medidas, que foram assinadas pelo presidente em exercício José Alencar, serão  publicadas no "Diário Oficial da União" na terça-feira (31) e passam a vigorar  no mesmo dia.
Para Alencar, medidas servem como "ajustes" ao mercado em tempo de crise.  "Considerando o potencial do mercado interno brasileiro podemos nos recuperar  rapidamente se prestigiarmos este mercado. Ele tem de ser fortalecido, em vez de  enfraquecido. Essas medidas nos ajudam a fortalecer", disse o presidente em  exercício. Para Alencar, a decisão não é técnica, é "política". 
 De acordo com Mantega, a expectativa do governo com as medidas é que o  emprego tenha saldo positivo em 2009. Mantega disse que, antes do resultado do  PIB, esperava um crescimento de 4% da economia neste ano. Agora, o ministro diz  que ficará satisfeito com qualquer resultado positivo.
  "Vou me dar por satisfeito em 2009 se tivermos crescimento positivo de 1%,  2%, seja qual for ele. De modo que consigamos manter as conquistas dos últimos  anos", disse referindo-se, entre outros aspectos, ao nível de emprego.
Aumento no cigarro - Segundo o ministro Guido Mantega, com a redução dos impostos o governo teria  uma renúncia fiscal de R$ 1,5 bilhão, mesmo valor que se deve obter com o  aumento sobre o preço do cigarro.
 Segundo ele, "para poder diminuir a receita, temos que providenciar uma nova  fonte. Aumentando os tributos do cigarro, que é um setor que não prejudica a  produtividade e o emprego, é uma troca bastante conveniente", disse. 
 "Estamos caminhando no sentido de desistimular o consumo do cigarro e, com os  recursos, vamos pagar a conta das outras medidas", disse Mantega. 
Setor Automobilístico - Mantega anunciou a prorrogação por mais três meses da redução da cobrança do IPI (Imposto sobre  Produtos Industrializados) para a compra de carros novos. 
A tabela do IPI para automóveis tem validade até o final de março e é a seguinte:  carros de até 1.000 cilindradas terão alíquota reduzida de 7% para zero; carros  acima de 1.000 até 2.000 cilindradas movidos à gasolina terão IPI reduzido de  13% para 6% e movidos a álcool ou flex, de 11% para 5,5%; carros acima de 2.000  cilindradas terão IPI mantido em 25% para os à gasolina e em 18% para os a  álcool e flex; picapes de até 1.000 cilindradas terão redução do IPI de 8% para  1%; e de 1.000 até 2.000 cilindradas terão redução geral de 8% para 4% no  IPI.
De acordo com o ministro, o setor automobilístico movimenta 23% do PIB  industrial. "[A redução] Permitiu baratear automóveis e estimular a demanda. O  efeito foi muito eficiente", disse.
 De acordo com ele, a indústria automobilística brasileira foi a que menos  sofreu os efeitos da crise. "Acredito que em fevereiro e março já estamos com  venda e produção maior que janeiro e março do ano passado. Nos outros países  continua caindo."
 Mantega anunciou que o acordo para a prorrogação do IPI menor sobre veículos  prevê a manutenção de empregos nas montadoras. A medida foi negociada entre os ministérios do  Trabalho, Fazenda e Planejamento com sindicalistas.
Construção civil - De acordo com o ministro, as medidas voltadas para o setor de construção, que  reduz impostos nos produtos de construção, valerão até o programa habitacional,  que prevê 1 milhão de moradias, comece a dar frutos. 
 "Essa redução vai estimular a autoconstrução [pessoas que fazem pequenas  reformas], e isso tem impacto muito grande no setor."
Motos - Ao anunciar a redução do Cofins para o setor de motos, o governo disse  esperar que haja uma retomada nas vendas assim como ocorrou no setor  automobilístico com a redução do IPI.
 Dados apresentados nesta segunda apontam que houve uma redução de 58% nas  vendas de motocicletas em fevereiro de 2009 com o mesmo mês do ano anterior.  "Espero que como nos automóveis, o setor de motos possa ter uma retomada",  afirmou o ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge.
Medidas anteriores - Ao anunciar o pacote de estímulo à economia, Mantega relembrou medidas postas  em prática anteriormente. Mantega disse que o governo manteve os investimentos  do PAC e pediu que as obras fossem aceleradas. Com isso, segundo ele, o emprego  teria estímulo em razão do aumento de turnos.
 Mantega afirmou também que o governo já havia disponibilizado R$ 100 bilhões  do BNDES para empresas. Segundo ele, a medida foi importante porque a taxa do  banco estatal é mais baixa que outras instituições financeiras. 
 Mantega citou ainda o programa de habitação do governo, que vai garantir o  nível de investimento alto na construção civil. 
 Segundo ele, a Petrobras também contribuiu mantendo investimentos para 2009  em R 60 bilhões, mesmo com a crise. Na avaliação do ministro, a medida ajusta a  outras empresas da cadeia de petróleo e gás. O ministro citou ainda a redução de  IOF para pessoas físicas e a nova tabela do imposto de renda, que passou a valer  em janeiro deste ano. G1