O Turntable, rede social de discotecagem, viveu rápido e morreu jovem --pelo menos para quem não mora nos Estados Unidos.
Em vez de deixar um belo cadáver, escapou daquela que na internet é conhecida como orkutização --processo de morte lenta e de fundo basicamente elitista pelo qual passa a rede social que o Brasil abraçou com mais força.
Junho foi o mês do Turntable. Links se multiplicaram no Facebook e no Twitter e, em poucos dias, as salas do novo site se tornaram uma espécie de cracolândia fofinha.
Avatares, dos quais se podiam mudar a roupa e o cabelo, se aglomeravam às dezenas, às vezes centenas, para ouvir a discotecagem alheia --e tentar uma vaga em uma das cinco pick-ups disponíveis em cada sala.
Cada novo usuário era um potencial viciado.
Em cerca de um mês e com acesso parcialmente restrito --só entrava quem tinha algum amigo do Facebook já cadastrado-, aproximadamente 140 mil pessoas, segundo as contas dos donos do site, aderiram à novidade.
Os administradores, então, parecem ter passado a se preocupar mais detidamente com questões como infração de direitos autorais em outros países.
O resultado foi que, no último dia 25, eles mesmos decidiram barrar o acesso de quem está fora dos EUA.
Na esteira da interdição, sites similares, como o Listening Room e o Outloud.fm surgiram como possíveis substitutos. Mas não emplacaram.
A experiência do Turntable é, de fato, surpreendente e viciante. Os uploads de todos os usuários se misturam num enorme banco de dados musical, à moda dos velhos Last.fm e Blip.fm.
A grande sacada do site, porém,parece ter sido explorar o lado social com os bonequinhos. A música só toca se houver mais de um DJ na sala. E a pista é essencial.
Além de indicarem que de fato há alguém ouvindo, os avatares são instrumento de avaliação (dançam em sinal de aprovação, dando pontos e moral ao DJ; se derem o sinal vermelho, obrigam o DJ malsucedido a passar a vez).
Junta-se a isso uma dinâmica de pista de verdade, já que não dá para saber de antemão o que vai ser tocado, e o que parecia só mais uma bobagem virou fenômeno.
Aos órfãos do site, resta esperar que, conforme prometem os administradores, a pendenga jurídica se resolva.
O uso de artifícios para esconder a identificação geográfica --que possibilitam o uso do serviço- pode aliviar o vício, mas a frequência das salas caiu, os uploads enferrujaram, e o Turntable ficou com jeito de fim de festa. FONTE: FOLHA ONLINE
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