Pages

Pages - Menu

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Brasil tem recorde de recall de veículos em 2009

O Brasil nunca teve tantos recalls. De acordo com o levantamento feito pelo G1, entre 1º de janeiro e 18 novembro de 2009, foram 40 convocações de 65 modelos e versões diferentes, que totalizam 697.756 mil unidades chamadas oficialmente por oferecer risco à segurança ou à integridade física do condutor e passageiros.

Esse montante é maior do que o registrado em 2008, até então ano recordista com 33 convocações, segundo os dados do Ministério Público Federal que, por meio do Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC), recebe todos os comunicados e boletins emitidos pelos fabricantes de automóveis e é responsável por enviar um laudo técnico com a ordem de recall.

Este ano, foram contabilizados pelo DPDC apenas 31 recalls, devido a demora no processo de registro dos chamados que aumentaram consideravelmente nos últimos dois meses.

“Apesar de representar 66% do total de recalls no país, que inclui produtos, alimentos, informática, medicamentos e brinquedos, o número de convocação de veículos e motocicletas têm se mantido estável nos últimos anos”, afirma o coordenador-jurídico do DPDC, Amaury Martins.

O aumento de recalls em relação aos outros anos pode ser reflexo dos recentes recordes de vendas, inclusive de melhor mês da história da indústria automobilística, registrado em setembro deste ano quando, impulsionadas pelo fim da redução do IPI, as fabricantes comercializaram 308,7 mil veículos (automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus).

“As variações na linha de montagem, tanto para mais quanto para menos, podem interferir na produção e levar a falhas humanas, por isso é importante que as fabricantes de autopeças e as montadoras equilibrem a capacidade de mão de obra e a de produção”, afirma o engenheiro e conselheiro da SAE Brasil (Sociedade de Engenheiros da Mobilidade), Francisco Satkunas.

“Com a retomada surpreendente da indústria automobilística neste ano e a necessidade de aumentar a produção, às vezes não dá tempo de contratar e treinar novos funcionários”, diz Satkunas que lembra que os motivos de recall também podem estar relacionados a falhas de projeto, de matéria-prima ou validação dos componentes.

Confira a relação de todos os veículos envolvidos em recall desde 2000

O grupo PSA Peugeot Citroën fez sete convocações em 2009, sendo que somente o hatch C3 foi chamado de volta às concessionárias três vezes no ano. Segundo o grupo, pela própria complexidade de construção e composição de um veículo, a convocação de clientes para a correção de uma possibilidade de falha ou falta de conformidade de algum componente específico varia de caso para caso, versão, lote, ano de fabricação, modelo e montadora, o que impossibilita traçar e encontrar uma causa que relacione diferentes recalls realizados em um mesmo modelo ou em um determinado período de tempo.

De acordo com o presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), Sérgio Reze, não é um assunto que os fabricantes e as empresas gostem, mas reflete a seriedade e a preocupação das montadoras com o consumidor. “Houve uma época em que não existia recall e até alguns anos atrás a grande maioria das convocações era desconhecida”, afirma Reze. “Hoje as empresas capricham mais, reconhecem os defeitos e se colocam inteiramente à disposição dos proprietários para os reparos e suporte necessários”.

Para o coordenador-jurídico do DPDC, o aumento do número de recalls mostra também que o consumidor brasileiro está cada vez mais exigente. “A tendência é que, ao menor sinal de defeito, as empresas comuniquem imediatamente os órgãos responsáveis e divulguem na mídia de forma clara, para que o proprietário não tenha dúvidas sobre as unidades envolvidas, o problema e a solução”, afirma Martins. “Cabe ao proprietário também ficar atento aos veículos convocados e comparecer a uma concessionária da marca para zelar pela própria segurança e a dos outros motoristas”.

O Código do Consumidor define, em seu artigo 10, que os fornecedores devem realizar levantamentos periódicos (diário, semanal, quinzenal etc.) para verificar a eficácia das medidas adotadas e, caso não haja um retorno dos consumidores, cabe ao fabricante adotar novo recall e buscar outras formas para atingir os proprietários. O recall também deve ser gratuito, sem prazo limite para a realização dos serviços necessários e o direito de reparação do veículo se estende inclusive a compradores de veículos usados.

Caso o consumidor já tenha sofrido algum dano, anteriormente ao chamamento oficial do fabricante, pode recorrer à Justiça para ser ressarcido. Em casos de dificuldade para conseguir atendimento junto ao fornecedor, a recomendação é procurar as entidades estaduais ou municipais de defesa do consumidor para registro da reclamação. G1

0 comentários:

Postar um comentário