Menino que vai para a escola em pau-de-arara vira deputado por um dia

Ele não quer ser piloto de avião, ele não quer ser bombeiro, ele não quer ser atleta. Carlos Marcus Silva, de 14 anos, quer ser deputado federal e desembarcou nesta quinta-feira em Brasília para realizar seu sonho. O jovem saiu de Iracema, no interior do Ceará, com um projeto de lei debaixo do braço para ser deputado mirim por um dia na capital federal. Uma vez por ano a Câmara abre as portas para estudantes de 10 a 14 anos de escolas de todo país para que os jovens possam encaminhar sugestões de projetos que futuramente vão para as mãos dos deputados e podem até se tornar lei de verdade.

Para ser deputado por um dia, Carlos Marcus entrou em um avião pela primeira vez. Achou o máximo cruzar o céu na aeronave, tudo muito diferente da rotina que tem em Iracema. O deputado mirim vai para a escola em um pau-de-arara, caminhão improvisado e sem nenhuma segurança. Rasgou a testa em um prego dias atrás, no caminho para o colégio Joaquim de Figueiredo. Apesar do aperto do pau-de-arara, Carlos Marcus não reclama, pois quando o caminhão não passa tem que andar oito quilômetros para chegar até a escola.

Sentado na primeira fila do plenário lotado por aproximadamente 400 mini-deputados, Carlos Marcus explica a importância de sua proposta. O mini-deputado propõe mudanças na escolha dos conselheiros tutelares. Argumenta que os conselheiros cumprem papel importante e por isso não podem ser muito jovens e devem ter curso superior em áreas específicas para ajudar melhor crianças que passam por problemas de adultos.

Além do projeto de Carlos Marcus, o plenário mirim também aprovou outras duas propostas. Uma do estudante João Pedro Souza, que proíbe adultos de fumar a menos de 12 metros de crianças, e outra de Richard Santos propondo a reutilização de água da chuva em prédios públicos.

A sessão desta quinta-feira foi aberta pelo presidente da Câmara, deputado Michel Temer (PMDB-SP). Temer caprichou no discurso e trocou os complicados jargões políticos por uma linguagem quase infantil. Depois o presidente cedeu a cadeira para o estudante brasiliense Lucas Bamiele, de 12, anos, que coordenou os trabalhos. Os três projetos foram aprovados e se algum deputado gostar das ideias poderá relançar as propostas e encaminhar para as comissões. R7