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terça-feira, 25 de maio de 2010

Pesquisadores avançam na criação de gel vaginal que pode prevenir a Aids

Um gel microbicida vaginal testado em macacas, feito a partir de um novo tipo de droga anti-HIV, mostrou que esses animais ficaram mais protegidos contra um vírus semelhante ao da Aids. O estudo foi apresentado durante a Conferência Internacional de Microbicidas, que acontece esta semana em Pittsburgh, nos Estados Unidos.

Os microbicidas são substâncias projetadas para prevenir a transmissão sexual do vírus da Aids. O gel foi o primeiro a ser produzido com inibidores da integrase, uma das três enzimas virais necessárias para replicação do vírus HIV.

Segundo os pesquisadores Charles Dobard e Walid Heneine, do Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos Estados Unidos, o novo gel deixou as macacas mais protegidas contra um vírus chamado SHIV, que é uma combinação do vírus da Aids com um outro que afeta os primatas.

Os inibidores da integrase foram uma das últimas substâncias incluídas no tratamento da Aids, atuando com outras drogas antirretrovirais. Novos estudos têm mostrado que esses inibidores podem vencer o vírus HIV quando ele se torna resistente a outros remédios. Esses inibidores podem ser usados tanto para o tratamento de portadores da doença como para prevenir a transmissão do vírus para pessoas não infectadas.

Testes com gel microbicida - De acordo com o infectologista Luiz Antonio Lima, professor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), os testes feitos em macacas com produtos à base de gel são promissores, já que os animais não estão se infectando.

- Os estudos em humanos estão na fase de recrutamento das mulheres.

O especialista diz que a vantagem dessa estratégia de prevenção é “colocar na mão das mulheres esse método de prevenção”.

- É importante dar às mulheres esse poder de escolha, para que elas também possam impedir a transmissão. Assim elas não ficam na dependência de o homem usar a camisinha.

Lima ressalta, no entanto, que o gel não exclui o uso do preservativo, que é a única arma comprovadamente eficaz contra a transmissão da Aids.

Gel causa menos efeitos colaterais que medicamento oral - Pesquisadores da Universidade de Pittsburgh apresentaram um estudo que avalia os efeitos colaterais de um gel microbicida vaginal usado, durante a gravidez, para evitar a transmissão do HIV da mãe para o filho durante o parto.

O gel microbicida testado é composto por uma substância chamada tenofovir, que é um medicamento que faz parte do coquetel anti-HIV. Essa substância é usada, por meio de medicação oral, para evitar a transmissão do vírus da mãe para o bebê durante o parto. No entanto, estudos revelaram que, pela medicação oral, partes da substância passavam para o recém-nascido.

O novo estudo, apresentado durante a Conferência em Pittsburgh, mostrou que o uso do tenofovir em gel reduziu a quantidade da droga absorvida pela corrente sanguínea, pelo líquido amniótico e pelo sangue do cordão umbilical. A quantidade encontrada no cordão umbilical era cerca de 40 vezes menor que a quantidade detectada após a medicação oral. Já a quantidade de droga absorvida pelo sangue da mãe era de 50 a cem vezes menor.

Para o estudo, os pesquisadores avaliaram 16 mulheres saudáveis que não eram portadoras do vírus da Aids. Elas receberam uma aplicação do gel na região vaginal cerca de duas horas antes da realização do parto realizado por cirurgia cesariana. Segundo o pesquisador Richard Beigi, da Universidade de Pittsburgh, a descoberta estimula a realização de novos estudos sobre o uso desse gel no combate à doença. R7

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